NOSSA HISTÓRIA
Fiéis Depositários de Alberto Dines
Dentre os muitos legados de Alberto Dines (1932-2018) – jornalista, escritor e pensador do jornalismo brasileiro – o Observatório da Imprensa e o Projor seguem desempenhando papeis cruciais no fortalecimento do jornalismo e, portanto, da democracia brasileira. Na condição de fieis depositários de Dines, ambos projetos seguem impregnados de suas ideias, valores e objetivos pessoais. Dines dizia que "a sociedade é maior que o mercado. O leitor não é consumidor, mas cidadão. Jornalismo é serviço público, não espetáculo.”
Dessa premissa, em 20 de abril de 1996 nascia o Observatório da Imprensa, seis anos antes do nascimento do Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, ambos criados e fundados por Dines em parceria com Carlos Vogt, e graças à acolhida institucional do Labjor, da Unicamp. Desde então, o Observatório tem produzido a crítica qualificada do jornalismo, indicando seus erros e acertos, suas contradições e crescentes vulnerabilidades das redações em meio à chamada revolução digital.
O jornalismo contemporâneo quando visto como um serviço público, com garantias e privilégios específicos previstos na Constituição de 1988, pressupõe contrapartidas em deveres e responsabilidades sociais. Logo, não basta que os praticantes do jornalismo tenham consciência destes deveres e responsabilidades, é preciso de um espelho – um campo de debates, como o Observatório – para que a imprensa enxergue a si mesma. Ao apresentar o site, Dines assim o descreveu: “no caso dos meios de comunicação de massa, o Observatório da Imprensa propõe-se a funcionar como um atento mediador entre a mídia e os mediados, preenchendo o nosso ‘espaço social’, até agora praticamente vazio.”
Criado em 2002 para gerir o Observatório e expandir sua missão, através do desenvolvimento do jornalismo, o Projor ocupa-se também das questões ligadas à imprensa local. Com o mesmo espírito fundador de Dines, ao longo da última década através de um conjunto diverso e experiente de profissionais que desdobram a ideia original em projetos com dois grandes objetivos: realizar a crítica permanente do jornalismo e oferecer meios para o fortalecimento do jornalismo local.
Novamente, segundo Dines, “com 5.570 municípios, deveríamos alcançar ao menos a média de um veículo jornalístico por município. O fenômeno da concentração da imprensa não se resume ao número reduzido de grandes empresas de comunicação e à forte tendência para a formação de oligopólios regionais. O mais grave são os vazios, os bolsões de silêncio, as manchas cinza, ocas, espalhadas entre as 727 ilhas do Arquipélago Gutenberg.”
Atento ao alerta de Dines, o Atlas da Notícia é um projeto inédito para mapear os veículos produtores de notícias no Brasil, identificando não só quem produz notícia no Brasil nos 5.570 municípios, mas também os chamados desertos e quase desertos noticiosos.
Publicado a cada quatro anos, no início da campanha eleitoral municipal, o Manual da Grande Pequena Imprensa (GPI) é um guia básico para jornalistas e demais interessados em cobrir as eleições locais.
Essas iniciativas do Projor se inspiram em seu fundador e visam fortalecer o jornalismo em sua função pública.